“Quando, afadigado me sinto,
aprumo os sentidos assim meio de relancina
junto meus apetrechos
dou um beijo na china
e numa ânsia descompassada num tranco de tropeiro
tomo o rumo da estrada em direção ao pesqueiro

não sei que sorte me espera
se lambari, traíra ou jundiá
só por estar pescando,
já me sinto um piá

momentos de espera, em que a vida reflito
entre beliscões de roncador e tapa nos mosquitos
um trago largo de canha pro acalanto dos instintos
a noite se achega, e a lua vai ser clara
traíra fora dágua, logo se estraga
mas com óleo bem quente, sal e pimenta
por certo uma janta pra lá de buena

lanço linhas apelativas e iscas tentadoras
num remanso invisível onde sonho e imagino
pegar... quem sabe algum dourado...
pois chega de girino

espero...
o momento em que darás o sinal vibrante,
o belisco, e em seguida a fiscada
rezando pra tudo quanto é santo
pra não te perder numa galhada

vitória, tua ou minha...
se fora dágua eu te tirar, faceiro vou ficar
mas se assim não for, se for esse o teu destino
torço pra que sobreviva e cresça
pois quando eu voltar,
vou fazer um ensopado com a tua cabeça
